sexta-feira, 30 de outubro de 2009

que me perdoem se eu insisto nesse tema

eu te disse muitas coisas e a mesma coisa muitas vezes.
virou ladainha, as palavras se esgotaram na repetição,
teus ouvidos saturados do meu discurso saturado.
cansamos os dois.
eu cansei das palavras e cansei também do teu silêncio.
(resta o quê?).
parecia que eu falava pra paredes. então desacreditei.
você há muito parecia ter desacreditado das minhas ameaças de ir embora.
e tantas vezes eu pensei em ir embora, meu deus. tantas vezes e não fui
[que passei a desacreditar que, de fato, iria]. eu dizia
e algo me dizia assim:
é blefe.
aí tu botava all-in na mesa, dominando o jogo, sabendo que minha mão não era forte.
tu foi fazendo tuas escolhas. e tu fazia o que queria.
toquinho, no rádio, cantava assim:


Que me perdoem se eu insisto neste tema
Mas não sei fazer poema ou canção
Que fale de outra coisa que não seja o amor
Se o quadradismo dos meus versos
Vai de encontro aos intelectos que não usam o coração como expressão

Você abusou, tirou partido de mim, abusou

Tirou partido de mim, abusou
Tirou partido de mim, abusou
Tirou partido de mim, abusou



e vinícius, assim:


Tantas você fez que ela cansou
Porque você, rapaz
Abusou da regra três
Onde menos vale mais
Da primeira vez ela chorou

Mas resolveu ficar
É que os momentos felizes
Tinham deixado raízes no seu penar
Depois perdeu a esperança
Porque o perdão também cansa de perdoar

Tem sempre o dia em que a casa cai
Pois vai curtir seu deserto, vai.
Mas deixe a lâmpada acesa
Se algum dia a tristeza quiser entrar
E uma bebida por perto
Porque você pode estar certo que vai chorar



cansei de perdoar.
desacreditei.
resta o quê?

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

seu desejo é uma ordem (ou: sou uma mulher solícita)

você me pediu muitas coisas enquanto estávamos naquela cama e fiz todas, com demasiado gosto, seu desejo é uma ordem, ou, como te disse: sou uma mulher solícita. acho uma beleza satisfazer desejos de homens cheios de graça assim como você. e você não foi nada besta, meu bem, me desarmou com elogios os mais diversos, noite adentro, afora, adiante. isso era o mínimo que eu poderia fazer, te satisfazer, me satisfazer, cair de boca, língua e o escambau, como é bom chegar as vias de fato, da carne, do prazer, do desejo, das delícias.
chupo mordo lambo faço refaço até com certa timidez ousadia às vezes viro desviro morro água gostosa gostoso geme sorrio é só se concentrar desces subo prendo e fico que delícia o tempo não tem tempo noite virando manhã a cama é pequena para nós. depois as pernas tremem, o coração escola de samba, o corpo estirado, uma chuva de suor, teu pau assim caidinho, aquela preguiça dos deuses.

vem, vem quando quiser-mos.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

dia sim, dia não

Dia sim, te espero.
Dia não, desespero.
Dia sim, me enganas.
Dia não, me desengano.
Dia sim, me amas, me chamas, me clamas, me cheiras, me comes, me falas.
Dia não, tu te calas.
Dia sim, te ligo.
Dia não, desligas.
Dia sim, eu sinto.
Dia não, me ressinto.
Dia sim, ressuscitas.
Dia não, eu morro.
Dia sim, me procuras, me prometes, te perdôo, nos amamos, nos fartamos.
Dia não, tu enjoas.
Dia sim, eu exausta. Dia sim, eu grito, dia sim eu choro, dia sim abandono, dia sim me esqueço, dia sim adio, dia sin adeus, dia assim é foda,
dia desses desisto.