Não sei te dizer o quanto morro e o quanto vivo na tua ausência. Toda vez que escuto essa música fico pensando em te escrever, pra que não esqueças: “faz tempo que não te vejo, quero matar meu desejo, te mando um monte de beijo, ai que saudade sem fim”. Também lembro tanto daquele dia, tu falando que música tão bonita e depois cantando no meu ouvido “morena flor do desejo, ai teu cheiro em meu lençol”, tu num sabe a volta que meu coração dá quando escuto essa música, essas palavras todas alinhadas desse jeitinho nessa sequência melodia ritmo som afeto.
Tu é daqueles sonhos reais, minha vontade de largar qualquer coisa e correr mundo, minha coragem e meu desapego. Minha crença na imprevisibilidade, na surpresa, no coração aumenta tanto porque um dia cruzei contigo. Com dinheiro na mão eu seria capaz de fazer qualquer loucurinha por nossa conta e responsabilidade. Tenho tanta vontade de te ver nu novamente, mais que isso, de te ver todo arrumadinho, cheiroso, uma delícia de homem, pessoa gente boa trocando só palavras boas comigo, diria gil: toda pessoa boa soa bem. Me lembro tanto do dia do nosso reencontro, aquele frio na barriga, eu dava tudo pra viver isso de novo, mesmo não me enganando da minha timidez e aflição. Tu tava tão bonito nesse dia, baiano. Lembro quase tudo da tua roupa, teu tênis, boné, e olhe que não sou nada boa nisso. Lembro de eu entrando no teu carro, tu surpreso com meu cabelo já maior. Eu dava tudo – repito abestalhadamente – pra viver isso algumas vezes todo ano. Lembro tanto de nossa conversa, nosso carinho nesse dia. Estávamos tão bons amigos, somos bons amigos e se formos contar ao todo, nem um mês tivemos de convivência cara a cara. Bateu, mexeu, virgem com virgem, Bahia e Pernambuco, axé, samba, calor, sol, o som do teu carro, teu carro, tua casa, teu cachorro, tua sobrinha linda tão linda, nós dois deitados num colchão no meio da cozinha. Por que essas coisas não duram pra sempre? – pergunto abestalhadamente. Queria muito te ver de novo, estou sentindo uma energia tão boa por tu esses dias, como há muito não. Tu é meu lado mais diferente e por isso me surpreendo. Tu é uma pessoa pra sempre.
Obs.: Outra música que me dá dor no coração de escutar: “pela sua cabeleira vermelha, pelos raios desse sol lilás, pelo fogo do seu corpo centelha, pelos raios desse sol”. Lembro agora daquele dia a gente na praia, despedida - muito engraçado isso de eu recordar com maior intensidade o dia do reencontro e o da despedida – final da tarde, vento na cara, consegui meu deus, com o maior esforço do mundo te dizer que foi bom, muito bom, do resto nem quero falar, parece que ainda é tão recente no meu corpo - embora já tenha corrido o calendário, embora nossos próprios corações já tenham dado voltas - como se fosse coisa novinha em folha, coisa que arrepia lembrar, aqueles instantes, cds, absorvente, sanduíche, celular, coração doidinho, tu falando da tua mãe, teu sotaque dando graça às palavras, eu já prevendo, antecipando, imaginando saudade saudade te quero. Sobrevivi, sobrevivemos. Saudade é uma coisa que mexe com a gente.
Obs2: Por que é tão difícil terminar de escrever isso aqui? Parece que tem ainda 3 litros de coisas, 20 quilos de lembranças, afetos, desejos, 300 milhões de palavras-sentimentos. Por que é tão difícil terminar? - Me pergunto abest...